MANDAMENTOS: PRÁTICA REAVALIADA

Por Michelle Daniel                                                      
Esses dias aqui em Belém, capital do Pará, uma tradicional festa religiosa atrai e arrasta milhões de católicos para prestarem homenagem à mãe do Senhor Jesus, à Maria de Nazaré. Seria hipócrita fechar os olhos para a agitação e algumas mudanças que o famoso Círio de Nazaré faz na cidade das Mangueiras. Pelas ruas onde a procissão passa com a multidão, é visível como a rotina é quebrada e adaptada à festividade anual que já acontece há 220 anos. O rumo de alguns tráfegos é convertido. Os anúncios estão espalhados. As roupas dos devotos são customizadas. A ansiedade dos católicos é cada vez mais estreitada e a esperança deles é renovada. Nas conversas entre amigos, vizinhança e nos mais diversos veículos de comunicação respiram no seu fundo, uma das maiores festas religiosas do mundo. As milhões de pessoas que vão as ruas nos dias em que há a programação do evento, desde trasladação, fluvial, missas especiais e etc. A cidade realmente muda, por alguns dias com a existência do considerado “natal dos paraenses” – para os católicos – que também recebem inúmeros turistas vindos dos mais diversos cantos do país e mesmo do mundo, só para celebrarem o Círio. Realmente, uma festa muito bonita.
Também não poderia deixar de perceber a fé, devoção, crença, esperança e amor que os católicos nesse momento tão especial para eles. É o momento em que eles podem demonstrar de fato a religiosidade por aquilo e porá aquela em que eles de fato creem. Mas tudo isso é verdadeiro, vem do coração?Sim, sem dúvida!A desconfiança de todas as revelações através dos atos, como muitos fazem, os conhecidos promesseiros, com certeza deve passar bem longe. Não tenho dúvida que essas milhões de pessoas, sejam elas católicas ou simpatizantes, possuem uma fé, derramam lágrimas e se juntam em uma só energia para reverenciar e adorar à Mãe de Cristo. Nenhuma!
Sinceramente, não vejo Maria como uma mulher intocável, imaculada e “santa” ao ponto de receber adoração, ser venerada e colocada em um posto maior que a do seu Filho, Cristo Jesus. Tenho certeza que, ao ver tudo que fazem por ela aqui na terra, uma grande amargura e constrangimento ela deve sentir.
Por mais que Deus tenha a escolhido, não aleatoriamente – por ser virgem e ter crido na revelação que foi dada através do anjo Gabriel -, ela foi privilegiada sim, sem dúvida alguma. Na bíblia ela é chamada de “bendita de Deus”. “...Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus” (Lc.1.30). Maria não foi apenas a mulher que Deus escolheu, por sua soberana vontade, para dar à luz o Cristo Menino, mas foi também uma humilde e devotada seguidora do Messias. E isso, não lhe deu poder algum de interceder, de realizar milagres ou coisas sobrenaturais.
A tão conhecida passagem bíblica que diz: “ninguém vem ao Pai se não por meio de Cristo”, é prova viva disso. Ela foi mãe, mas antes de tudo, foi serva do filho de Deus, pois Ele não era apenas dela, mas sim de Deus, ela foi um instrumento que Deus usou para que Ele viesse. Tanto que Deus escolheu até o nome que ele deveria ser chamado. Poderia vir de outra forma, já que Ele é Deus?Sim. mas aprouve a Deus escolher dessa forma. Pois sem Cristo, ela não seria nada, ou melhor, seria igual a todas as mulheres daquela época.
Foi em seu ventre materno e puro, que foi concebido através do Espírito Santo o Filho de Deus, o Deus vivo, que se fez homem, aquele que veio com o propósito de salvar a humanidade como obediência ao Pai Celestial.
A fé de Maria foi claramente expressada de forma maravilhosa. Creu nas palavras enviadas e foi fiel a Deus, desde a geração até o nascimento de Cristo. Ela também continuou sendo fiel ao Senhor, entretanto, não deixou em nenhum momento de ser mulher. Era casada e possuiu outros filhos após dar a luz a Jesus, que para Deus, não a desvalorizou. Porém, a sua função, ela cumpriu como foi ordenada e isso, não a fez alguém especial demais, alguém intocável, imaculada, ao ponto de ser venerada e colocada em um posto maior e melhor a de seu Filho, Cristo Jesus. Ela foi sim, uma mulher de Deus, que sempre esteve à disposição da vontade do Senhor.
Fico triste por ter ciência da justiça de Deus, no tocante à SUA Palavra, pois infelizmente, toda essa emoção e adoração, não são destinadas à Ele, quem realmente merece! “Tu vê muitas coisas, mas não as observas, ainda que tens os ouvidos abertos, nada ouves” (Is.42.20) Porém, eu, assim como elas, cristã, devo rever algumas coisas baseadas no mesmo livro, a Bíblia Sagrada.
No segundo livro da bíblia, encontramos Êxodo, e é lá, no capítulo 20, que podemos achar os famosos 10 MANDAMENTOS, escritos por Moisés, aqueles que Deus nos deixou para nos basear e nos revelar a sUa pessoa, a nossa existência, alguns deveres, orientações e restrições não por regras ou até por heresia, mas simplesmente para que não vivamos aleatoriamente neste mundo, sem direção, sem motivo, sem razão. Que Pai maravilhoso, heim?! Lá encontramos orientações de como devemos viver, para quem, para quê, como devemos nos comportar em sociedade e até mesmo alguns alertas.
Eu acredito que não foi à toa que os dois primeiros mandamentos revelam a natureza verdadeira e autoridade do Senhor Deus quando Ele diz: “Não terás outros deuses diante de mim... (Êx. 20.3, 23; 34.14) Não farás para ti imagem de escultura (Êx. 20.4-6;34.17)”. Uma aplicação prática à esse mandamento, posso considerar de forma em que devemos demonstrar respeito a Deus e que devemos viver uma vida de devoção integral a Deus.
Um outro grande mandamento nos deixado, foi o de amar ao próximo, pois sem a aplicação desse mandamento, é impossível cumprir os outros oito mandamentos, como é dito: “...tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13.9-10).
Entretanto, alguns ignoram os dois primeiros e se limitam no amor ao próximo. Para mim, considero esse desprezo como uma fuga da obediência e do cumprimento daquilo que Deus quer de nós. Pensamos: como irei amar e respeitar o meu próximo, que eu o vejo, se não iniciar essa prática com Deus, a quem eu não o vejo?De fato um caso a ser repensado por muitos de nós, em especial, isso me tem feito avaliar principalmente nesses dias, diante da festividade católica. Será que eu os amo de verdade, toda essa multidão que vai as ruas, não compartilhando da mesma devoção e fé para quem as homenagens são destinadas?
Há muitos anos, na verdade, há milhares de anos, antes mesmo da mãe de Jesus vir ao mundo, o Senhor Deus colocou na terra alguns homens considerados ungidos por Ele, os chamados profetas. Um deles, chamado Isaías, que hoje podemos ler sobre a trajetória e o que o Senhor revelou através dele na bíblia. Em uma determinada passagem do livro sagrado (que eu considero ser), especificamente no capítulo 45, dos versículos 19 ao 24, Deus fala sobre O Senhor e os ídolos.
Assim como os mandamentos de Deus deixam claros da sua rejeição pela prática da idolatria, devemos considerar os seguintes fatos: quando Deus diz que não devemos ter outros deuses (essa palavra ‘deuses’ é escrita em minúscula, justamente para demonstrar que só há um único Deus, ou seja, os demais são falsos diante dEle) e não façamos para nós imagens de escultura como ídolos, não é por que foram escritos no passado que devemos ignorar. Muito pelo contrário. A humanidade, mesmo nos tempos dos profetas já faziam para si, imagens, esculturas feitas por mãos humanas, como o bezerro de ouro, por exemplo. Uma forma do ser humano crer naquilo que ele vê. Isso não é fé.
Até hoje, muitos fazem outros coisas como ídolos. Não apenas imagens de escultura, mas tudo aquilo que rouba o lugar de Deus é considerado ídolo. Por exemplo, se aquela hora ou aquele dia, era destinado à devoção e adoração à Deus, é substituído, trocado, por outra “atividade”, Deus considera isso como idolatria, ou seja, tudo aquilo que toma o lugar do Senhor em nossas vidas. Existem pessoas que fazem pessoas, de bens materiais, do trabalho, da rotina como ídolos. Quem nunca ouviu alguém falar: “isso vem primeiro, isso em segundo e se der, vou à igreja, vou orar, vou ler a bíblia, vou separar para estudar um pouco mais sobre Deus. Talvez no final do dia, se der eu faço”?. Geralmente esse momento nunca chega, caí no esquecimento e quando é lembrado, já se estar cansado demais para Deus. Você já parou pra pensar o quanto temos adorado, idolatrado coisas, pessoas, situações e deixado aquilo que é mais precioso, que é a comunhão com o Senhor?!
Portanto, não julguemos independente de religião, crença e opiniões, a fé de ninguém. Pelo contrário, possamos, sobretudo, por em prática os dois grandes mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como a nós mesmo. Com certeza, somente assim, podemos agradar de fato a Deus, dessa forma tornar o mundo um pouco melhor.

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